domingo, 3 de outubro de 2010

Olhos de Ressaca

Quando penso em você, a primeira imagem que se desenha na minha cabeça é a de um tubo enfiado no meu pulmão pela minha garganta puxando todo o meu ar. De alguma forma, meu coração continua batendo. Pesado, devagar, forte. Lembro da primeira vez que nos encontramos. Eu estava sentada no sofá quieta, respondendo suas perguntas com uma ou duas palavras. Você me encarava fixamente, decerto pensando que se se concentrasse nos meus olhos, talvez fosse capaz de enxergar minha alma. Eu não entendia, e ainda não entendo: como você tentava saber o que se passava pela minha cabeça quando nem eu sabia direito? Só sei que isso, esse seu jeito, esses seus olhos... de ressaca, me puxaram também, assim como faz o mar, sabe? Eu só sei que, mesmo sabendo que eu poderia me afogar, nem tentei me segurar. Mergulhei de cabeça mesmo, na esperança de encontrar toda uma cidade perdida embaixo daquelas águas. Você entende o que eu quero dizer? Não? Nem eu...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Infinito

Nunca me questionei se valeria à pena a viagem até você. Simplesmente fui. Jamais vou esquecer o cheiro, o seu cheiro, e a forma única como eu te via. Sempre tão escuro, sempre tão frio, silencioso, e só, sempre tão incerto, e eu não me conformava que dentro de mim era tudo tão gritante e afiado... e quente... Por que não consegui te mostrar? Por que você não quis ver? Por que não é o suficiente sentir e tentar... Por que não consigo esquecer? Tô cansada de procurar respostas... E de pensar, e fingir que já não me lembro, e continuar seguindo, tentando me convencer que a vida é assim mesmo... Não sinto mais vontade de te encontrar por aí, e pouco me importa com quem você está e em que você mudou... É só que... eu sou péssima com finais.

domingo, 11 de outubro de 2009

Pessimismo?

O calor, a falta de amor, a falta de sono, minhas unhas ruídas, tudo isso somado e ainda o que mais me incomoda sou eu mesma. Eu tenho vontade, mas não tenho disposição. Então não tenho vontade suficiente, mas tenho motivação. Meu motivo não tem força, então, não resta nada? Eu queria me bastar e só! Mas me conforta um pouquinho saber que ninguém vive assim. Eu... só não sei por onde seguir! Se não sou eu, quem vai soprar essa neblina toda pra longe de mim? Pensava já ter todo apoio que precisava! É, não resta nada.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mas que coisa besta!

Metáfora não há que se faça encaixar o nosso amor. O meu amor, mais exagerado que hipérbole qualquer, como é que é que haveria de caber no seu coração? Eu sei. Mas se o amor que é nosso, é o meu juntado com o seu, dividido... não, não! Compartilhado por nós duas, como haveria de não caber no seu coração? Como haveria de caber em outro lugar? Como haveria de não caber em lugar nenhum? Isso não existe! Ele tem lugar, e nesse caso é só um, é junto de nós, encontradas juntas. Como estamos separadas? Está tudo se perdendo, nosso amor está perdido. Fui descobrir que pra tudo há data de validade. Mas se quer saber, não me importava de passar mal por ter você aqui pra sempre... O que antes era amor, agora se desfaz em qualquer outra coisa. Metáfora ainda não há e hipérbole é mentira dizer. Esse sofrimento ainda não achou termo que se adequasse ao exagero que realmente é.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Passeio.

Não me arrependo de nada. Sinto muito por esse amor não ter sabido respeitar sinais, quebra-molas e placas. Mas tenho certeza de que não peguei a pista errada. Eu sempre tive a certeza que de acabaria sendo multada. E agora já não mais te alcanço. Você foi embora e levou consigo um suspiro e alguns dos meus sentidos. O vento não me faz congelar, a lua já não me faz sonhar. O espaço que você deixou, eu ainda sinto apertar. Meu bem, espero que um dia você ainda volte ao menos para me oferecer uma carona, e me deixe dirigir. Se não vamos chegar aonde eu quero, então vou me certificar que a estrada vá por onde não tenha fim.

L.

As tuas palavras parecem me atingir como uma chuva torrencial atinge a moradias precárias e as derrubam, e as destroem. Nunca imaginei que o efeito de uma frase poderia me causar algo assim, e muito menos que os lábios a pronunciarem a tal fala, seriam os teus. Eu pensei ser você a cura para aquela minha ferida antiga, pensei ser você o meu resto de vida, e sabe, agora paro para pensar e não encontro mais os motivos - se é que um dia existiu motivo algum. Já faz certo tempo que você foi embora e levou consigo tudo ao que eu tinha me apegado, tudo que eu tinha me acostumado, mas sabe, o pouco que sobrou é o que tem me motivado a seguir em frente, porque, afinal, acho que restou algo bom. Eu nunca vou te esquecer e você sempre vai me inspirar, mas acho que está na hora de eu ir também.

Ironia.

Hoje eu reservei um instante pra você. E não é que os outros instantes não estejam reservados pra você - mesmo porque te encontro em todos eles até quando não quero -, só que evito pensar, ou pelo menos tento, porque acredito que ao fazer isso, aprofundo-me ainda mais dentro de um buraco, do qual não consigo enxergar o final. Ou o começo. Viu só?! Esta é a questão: não sei! Está certo que também acho que uma idéia esclarecida é uma idéia sem futuro, mas hoje, hoje decidi ir contra a minha própria crença e resolvi juntar as mãos com o meu sentimento. Eu já neguei demais, já fugi demais e já me escondi demais. Hoje eu determinei que lutarei mais. Também tenho que dizer que isso aqui não é o caso de um amor requintado ou uma paixão corriqueira. Não. Isso aqui é só o caso de você. E se alguém me perguntar, você é tudo que eu vou conseguir responder. Você. Veja só: todos os meus instantes são seus, e mesmo assim, hoje eu reservei um instante pra você. Veja só: hoje eu tentei esclarecer você, e ainda assim, muita coisa ficou por dizer. Não veja só: me diz, quero saber, o que há pra ver?